domingo, 27 de janeiro de 2013

A oração de Niestzche



Aos que conhecem o filósofo que anunciou a "Morte de Deus", em seu livro: "A Gaia Ciência" enfatizando que o homem tinha que se emancipar da idéia de Deus, para alcançar o (Alem-do-Homem ou Super-Homem) “Übermensch”, como disse em sua outra importante obra: "Assim Falou Zaratustra". Estou me referindo a: Friedrich Nietzsche. Lendo um livro de Augusto Cury, me deparei com essa belíssima oração de Nietzsche - traduzida por Leonardo Boff -, que achei fantástica. Em suas palavras, é notório sua fuga incessante de Deus, mas, ao mesmo tempo, um coração sedento por Ele.

Transcrevo-lhes a oração:

Oração ao Deus desconhecido*

Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para frente uma vez mais, elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.

A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos para que, em cada momento, Tua voz me pudesse chamar.

Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:"Ao Deus desconhecido”.

Teu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrilégios.

Teu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.

Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo. Eu quero Te conhecer, desconhecido.

Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.

Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero Te conhecer, quero servir só a Ti. [Friedrich Nietzsche]

Simplesmente lindo. Claro que não tenho nível técnico para dizer algo do pensamento de Nietzsche, reduzindo seu pensar de uma forma imediatista e simplista. Mas, a meu ver, o que fica patenteado é que, Nietzsche ao se referir ao "Deus esta morto", estava se emancipando da ideia do "Deus" da religião, da intolerância, da ignorância e do fideísmo irracional e fundamentalista que tanto causou e causa massacres e barbáries. E, olhando por esse viés, deveríamos também matar esse "Deus" criado pelo imaginário humano, tão distante do Deus verdadeiro de amor e de paz que é Jesus. 

- Josias Silva

* Cf. Friedrich Nietzsche in: Augusto Cury, Os segredos do Pai Nosso, p148